Projeto Recupera começou a funcionar em julho no Espírito Santo. Do total de aparelhos recuperados até agora, 244 já foram devolvidos para os donos.
A aposentada Creuza Griffo, de 63 anos, teve o celular furtado dentro de um ônibus na Serra, na Grande Vitória, em agosto. Ela fez o Boletim de Ocorrência e, quase dois meses depois, recebeu uma ligação em outro aparelho que tinha comprado e ainda está pagando parcelado. Do outro lado da linha, era polícia com a notícia de que o aparelho anterior havia sido recuperado e seria devolvido à dona.
“Eu peguei um ônibus lotado e fiquei meio espremida. Em um momento, o ônibus deu uma esvaziada e eu sentei. Foi aí que mexi na bolsa e percebi que o celular já não estava mais comigo. Dois meses depois, uma policial me ligou. Eu fiquei assustada de início, mas assim que ela falou dei pulos de alegria. Eu tive que comprar outro. Agora, tô pagando dois, tô mais arrochada. Mas, em compensação, é um prazer muito grande saber que eu consegui ele de volta, mesmo pagando dois”, disse.
Creuza conseguiu reaver o aparelho a partir de um programa implementado no início de julho pelo governo do Espírito Santo, em parceria com a Polícia Civil. O Projeto Recupera identifica celulares roubados ou furtados no estado, recupera os aparelhos e depois devolve para os seus donos.
Desde quando o projeto começou, uma média de 70 aparelhos são recuperados todos os finais de semana no estado, totalizando 384 celulares até agora. Desses, 244 já estão com seus donos.
Mais 140 aparelhos estão programados para serem devolvidos no início de novembro em um novo mutirão da polícia. A previsão é de que, além desses, mais 420 sejam entregues até o final do ano.
Além disso, o governo já percebeu que com a implantação do programa houve redução no número de casos de ocorrências envolvendo furto e roubo de celulares (leia mais abaixo)
De acordo com o delegado e gerente de Operações Técnicas da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), Jordano Bruno, a maioria dos celulares recuperados são de luxo, com valores mais altos no mercado, e são devolvidos ainda em bom estado de conservação.
Como funciona?
O Projeto Recupera consiste em uma operação permanente dedicada à recuperação de aparelhos telefônicos roubados e furtados, com o objetivo de restituí-los aos seus legítimos proprietários.
A princípio, os celulares que estão no radar da polícia para serem recuperados são aparelhos furtados entre julho de 2023 e outubro de 2024. A polícia pretende incluir, nos próximos meses, celulares roubados a partir do ano de 2022.
O projeto funciona assim: a pessoa que tem o celular furtado ou roubado precisa registrar um Boletim de Ocorrência. Depois, a polícia envia uma notificação para esses celulares, que podem estar em uso com outras pessoas. Muitos deses aparelhos são adquiridos de maneira ilegal.
Quem estiver usando o aparelho que foi roubado e recebeu a notificação deve comparecer na delegacia e entregar o aparelho, espontaneamente. A polícia, então, entra em contato com a pessoa que fez o boletim (o dono original) e marca uma data de entrega.
Veja o passo a passo de como o projeto funciona:
- A vítima é roubada;
- A vítima registra o Boletim de Ocorrência;
- A vítima informa o IMEI do aparelho roubado;
- A polícia solicita à operadora dados sobre a localização e identificação do atual usuário;
- Intimações são disparadas todas as semanas, geralmente durante três dias – às quartas, quintas e sextas -, por meio de rede social aos atuais usuários para eles irem à Delegacia Regional de Vitória;
- Usuário atual comparece na delegacia e devolve o aparelho aos sábados;
- Mensalmente, a polícia realiza a operação de entrega dos aparelhos, após entrar em contato com os donos originais.
A estratégia desse programa utilizada no Espírito Santo foi adotada, de forma pioneira, no estado do Piauí, que também teve redução no índice de roubos desde sua implementação.
A corretora Kamila Francielle Dantas disse que chegou a parar de trabalhar por um período após ter o celular roubado em Cariacica, na Grande Vitória, também em agosto. O aparelho era sua principal ferramenta de trabalho.
“É a principal ferramenta que eu uso para o trabalho. Eu mando mensagem para cliente o tempo todo. Naquele primeiro momento eu tive que interromper minhas atividade, fiquei por volta de uma semana até conseguir repor minha renda para comprar outro aparelho. Como o policial na delegacia me deu essa esperança, eu falei: ‘Pode demorar um ou dois meses, mas, se for da vontade de Deus, eu vou conseguir recuperar o celular, e consegui'” contou a corretora.
Segundo o delegado Jordano Bruno, uma unidade especializada foi criada para cuidar do andamento do projeto.
“É uma equipe de 15 a 20 policiais com capacidade de fazer de 200 a 250 intimações por semana. Essas equipes passaram por uma capacitação para poder identificar corretamente os aparelhos apresentados, conferir se são produtos de furto e roubo, fazer o questionamento para identificar se a pessoa que apresenta o celular está de boa-fé ou não. Elas também participam de treinamento de protocolos e aprendem a fazer a formatação de aparelhos, para devolver para as vítimas eles já formatados”, explicou o delegado.
Ao mesmo tempo, equipes policiais realizam operações para buscar pessoas que foram intimadas com as mensagens e não compareceram na delegacia espontaneamente para entregar os aparelhos.
Com as informações recolhidas, o delegado afirmou que em breve também será possível fazer uma operação para acabar com pontos de venda de celulares furtados ou roubados no estado.
“Já conseguimos muita informação com o comparecimento das pessoas, porque elas devolveram os aparelhos e informaram onde compraram. Então, estamos fazendo um mapeamento para iniciar ações contra essas lojas que insistem em vender aparelhos de procedência ilícita”, destacou.
Por enquanto, o Projeto Recupera funciona apenas em quatros cidades da Grande Vitória (Vila Velha, Cariacica, Serra e Vitória), mas a previsão é de que ainda este ano ele chegue ao interior.
“Estamos vendo qual região podemos centralizar os pedidos para aí sim intimarmos não só as pessoas da cidade da delegacia escolhida, mas também quem morar por perto. São os nossos próximos passos, que também envolve treinamento de equipes”, disse.
Redução
O delegado destacou ainda que, ao fazerem uma análise dos 20 primeiros dias de cada um dos três meses de funcionamento do projeto (agosto, setembro e outubro), foi possível perceber uma redução de 13% em furtos e roubos de celulares na Grande Vitória.
“O período ainda é curto para a gente cravar uma conclusão, mas já conseguimos ver uma redução. Muita gente hoje na Grande Vitória diz que já conhece o projeto. Então, esse início foi também para introduzir o Projeto Recupera na sociedade”, comentou.
Furtos e roubos na Grande Vitória em 2024
Quem receber a intimação, não se apresentar na delegacia e tentar se desfazer do celular, segue tendo que responder por ele.
“Algumas pessoas acabam se desfazendo do celular achanado que vai se eximir da culpa, mas isso não exime a pessoa da responsabilidade, porque o celular que está em poder dela já está registrado na operação. Não muda a responsabilidade pelo crime de receptação, vai até piorar a situação dela”, complementou.
(DA REDAÇÃO \\ Guto Gutemberg)
(INF.\FONTE: Internet \\ Noroeste News)
(FT.\CRÉD.: PCES \\ Divulgação)