Comissão valoriza ações em defesa do meio ambiente

Iniciativas que tratam do plantio de árvores, pesquisa sobre répteis e compostagem urbana foram apresentadas pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa

 

A Comissão de Proteção ao Meio Ambiente, da Assembleia Legislativa, que é presidida pelo deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania), abriu os trabalhos do segundo semestre, ontem (2), destacando as ações de entidades em defesa do meio ambiente.

Mutirão para plantar árvores, conscientização sobre anfíbios e répteis e a importância da compostagem urbana foram as três iniciativas que ganharam destaque na reunião, por fazerem a diferença nas áreas em que atuam.

O primeiro a apresentar o seu trabalho foi o advogado ambientalista Carlos Humberto Oliveira, que é o coordenador do Projeto Plantio Brasil.

Segundo ele, a ideia começou em junho de 2019, em Santa Teresa, na região serrana, alcançou 14 estados da federação e conta atualmente com grupos de voluntários plantadores em 64 dos 78 municípios capixabas. A meta do projeto é plantar 5 milhões de árvores até 2030 no Espírito Santo.

“Quando você vê alguém abraçando árvore, é porque é livre. A verdadeira liberdade está em você fazer o que você gosta, prazeroso, que não faz mal a ninguém. Pelo contrário, faz bem não só a você mesmo, mas faz bem principalmente à coletividade. E mexer com árvore, é mexer com água, é mexer com alimentação, é mexer com tanta coisa”, filosofa o advogado ambientalista.

Carlos Humberto lembra que a ideia do reflorestamento deu tão certo que agora o objetivo é mensurar os resultados apresentados.

Daí nasceu o aplicativo GeoPlantio, a ser lançado no dia 15 deste mês. Trata-se de uma startup com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (FAPES) e já cadastrada na Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (SECTI).

“E aí, o seu plantio? Bem, onde você está plantando? O que está acontecendo? Como é que estão essas plantas?”, questiona o ambientalista, em tom provocativo, lembrando que hoje nem mesmo o governo estadual consegue dar números reais e atualizados sobre o reflorestamento no Estado, o que seria um gargalo para a prática.

A segunda iniciativa foi apresentada pelo biólogo, pesquisador e conservacionista zoólogo Thiago Silva Soares, presidente do Instituto Biodiversidade Neotropical (IBN), que chamou a atenção para a necessidade de maior empatia e responsabilidade ambiental com anfíbios e répteis, em especial cobras e sapos, que são estigmatizados pela sociedade.

O biólogo contou que a entidade nasceu em 2022, como resultado do Projeto Herpeto Capixaba de 2017. Ambas as iniciativas buscam preencher lacunas de estudos e conservação das espécies-alvo, com impactos tanto na questão ambiental, quanto na saúde pública, em razão de se tratar de animais peçonhentos.

Trabalhando com difusão científica, documentários, imprensa, reportagens, redes sociais, tirinhas e realizações de congressos on-line, o instituto já conta com uma equipe de 50 colaboradores, mas reclama de não possuir nenhuma parceria ou convênio com prefeituras ou governo estadual, o que seria fundamental para adquirir bolsas e para o pagamento de honorários e serviços terceirizados.

“Nosso trabalho começou com pesquisa das diversidades às adversidades. Qual espécie é ameaçada, é rara? Começamos a escrever espécies novas, mas também a entender os efeitos que elas causam no ecossistema. Nos casos de atropelamento, de espécies malformadas, por que elas estão assim no nosso Estado? Espécies desaparecidas também ganharam atenção”, explicou o especialista.

Segundo ele, o trabalho passa por catalogar as potenciais áreas de ocorrência de cada espécie e desmistificar a presença de certos tipos de cobras peçonhentas em regiões que elas dificilmente são de fato encontradas.

“A partir do momento que a gente sabe, identifica os pontos, a gente também consegue fazer predições através de modelagem de onde elas também podem ser encontradas”, explicou.

No caso das serpentes, um catálogo eficiente não só pode ajudar a conscientizar a população de quais realmente são perigosas, diminuindo as mortes desses animais, como também pode melhorar a distribuição de soros antiofídicos na saúde pública.

“Quais serpentes são responsáveis pelo maior número de casos? Em qual época do ano esse acidente ocorre mais? Quais pessoas são mais atingidas? Em suma, qual serpente já picou quem? Onde ficou? E assim começamos a ter todo um panorama para poder trabalhar com a comunidade”, defende o pesquisador.

COMPOSTAGEM

Fechando a rodada de bons exemplos quando o assunto é meio ambiente, a terceira iniciativa apresentada foi o Folha Composta, projeto capixaba que busca incentivar a compostagem urbana.

Conforme explicou o educador e gestor ambiental João Pedro Jobim, embora o conceito da prática seja muito conhecido no meio rural, o tema ainda é pouco usual na cidade.

Inspirado numa gestão comunitária apelidada de “Revolução dos Baldinhos”, caso de sucesso em 2008 na comunidade Santo Cristo, de Florianópolis (SC), o Folha Composta começou em 2019 e busca oferecer serviço de coleta personalizada, já atendendo 70 residências de alguns bairros em Vitória e Vila Velha. O local de compostagem, por meio de parceria, fica em Cariacica.

O envio do resíduo orgânico in natura para a compostagem ajuda a mitigar os efeitos do aquecimento global. Segundo a Associação Brasileira de Compostagem, 170 quilos de matéria orgânica são descartados por pessoa anualmente no País.

“Em vez de um equivalente sanitário ser enterrado e gerar principalmente o gás metano, que é 20 vezes mais poluente que o próprio gás carbônico, estamos desviando a via. No lugar de colocar o gás enterrado, ou para um lixão, ou para um ponto viciado, estamos desviando a rota, fazendo a compostagem, e isso gera impacto de carbonos equivalentes”, explica João Pedro.

Gandini agradeceu à apresentação dos projetos e destacou que também cabe à Comissão de Proteção ao Meio Ambiente o papel de dar visibilidade às boas práticas.

“São excelentes trabalhos desconhecidos do grande público. Inclusive, aqui na comissão, eles ganham o espaço necessário para que possam ser vistos e, a partir daí, receber novos parceiros e apoios. São iniciativas fantásticas e inspiradoras que podem ser reproduzidas”, destaca.

(DA REDAÇÃO \\ Gut Gutemberg)

(INF.\FONTE: AssCom ALES \\ Gleberson Nascimento)

(FT.\CRÉD.: AssCom ALES \\ JV Andrade)